terça-feira, 15 de maio de 2007

Novela do Cotidiano (Cap. 4)

Uma verdadeira "Soap Opera" à brasileira.Autoria: Márcio Roberto de Almeida.
Udália Nucrécia e Atanásia Gerardinha continuam se articulando e buscando novas vítimas para atacarem. Por ocasião de uma temporada de veraneio em que alguns amigos e parentes estiveram na casa de Udália, esta enviou Gerardinha para se infiltrar entre os veranistas para, em seguida, lhe passar os relatórios diários. Essa prática é comum: todas as vezes que outras pessoas, especialmente parentes, passam temporadas na sua casa de veraneio, Udália oferece a Gerardinha o “direito” de se hospedar de graça mas, em troca, exige um acompanhamento rigoroso das atitudes dos hóspedes, especialmente no que se refere ao gasto de seu sabão que, ao contrário da iminente preciosidade demonstrada, não passa de sabão comum, desses usados por todo esse Brasil afora, em todas as faxinas e lavações de roupa suja. Vejam o diálogo abaixo, que aconteceu logo depois que o último grupo de veranistas foi embora. A conversa segue no mesmo estilo do que passou no Capítulo 1 (leia em http://marciocc3.blogspot.com/2007/05/novela-do-cotidiano-cap-1.html).

Nucrécia: Até que enfim o povo desocupou, né, querida! A faxineira me ligou horrorizada com a lambança que largaram lá... Ela disse que as roupas estavam todas sujas, podres, e que não tinha mais sabão! Gastaram todo meu sabão e ainda não lavaram as minhas roupas de cama e mesa que usaram...

Gerardinha: No dia que eu fui embora de lá, eu lavei tudo os meus lençóis, esfreguei meu banheiro até brilhar, deixei o quarto do jeito que eu peguei! Tudo lindo...

Nucrécia: Não fui eu que gastei o meu sabão... Além de não ter gastado, ainda pedi a eles que comprassem mais. Mas, pelo jeito, com certeza ninguém comprou, né...

Gerardinha: Então!... Querida! É isso mesmo. Eles gastaram um pacote inteirinho de sabão que tinha lá! Eu vi! Tava completo, cheinho quando eu saí de lá! Que absurdo! Num é possível!... Gastou tudo!

Nucrécia: Gastou, não!... Gastaram!.... O Povo, né!... Morro de ódio!

Gerardinha: Eu não sei como é que você agüenta!.. Esse povão, folgado! Gastaram também uma caixa inteira de amaciante seu!... Cheinha, que eu vi! Vê se pode!

Nucrécia: Os meninos e o povo que foi com o Acádio Vanderley lavaram roupa deles também lá, que eu vi... E ainda jogaram as toalhas no chão... Falta de linha... Aliás, as roupas particulares, todo mundo lavava com o meu sabão...

Gerardinha: Eu vi aquilo, mas a Igislena Aparícia é que foi a mais folgada! Sabe o que eu vi? Você nem vai acreditar!!

Nucrécia: O que?

Gerardinha: O Ajerlio Santa-Fé enchendo a boca de sementes e casca de uva e jogando lá embaixo! Eu xinguei ele tudo! Mandei parar, disse que aquilo era um absurdo, mas quem disse que adiantou?... Só pra implicar ele jogava mais ainda.

Nucrécia: E o “povo” (aqui se referindo aos pais de Ajerlio) tava tudo junto, assistindo e não falava nada?!... Ele não tem noção... É um louco..

Gerardinha: Eu falei com ele pra não fazer aquilo que você num gostava e ele não me obedeceu. Disse que tava jogando era na rua.

Nucrécia: São muito folgados..

Gerardinha: O pior é que não alcançava na rua! Eu vi tudo! Ela enchia a boca e cuspia... A maior nojeira.

Nucrécia: Lógico...É o que se pode esperar! Não têm educação...Não sei como ainda não me chamaram atenção lá no condomínio por causa desses atrevimentos...

Gerardinha: Ele ficava sentado na sacada e chupando uvas o tempo todo e jogando nas pessoas que passavam lá embaixo, na calçada...

Nucrécia: O condomínio ainda vai me dar problema....

Gerardinha: Pior ainda foi a Igislena Aparícia!... Você não viu Nada! Quáquáquáquá!... Ela estava danando com o moço que cuida do guarda sol! Dando a maior bronca!..

Nucrécia: Mas como?!... Magina!...Isso é um absurdo!... O que que ela pensa que é?!... Onde é que ela pensa que tava?!...

Gerardinha: Achei foi graça! Mas você precisava ver que pose! Como se fosse a dona, a chefona!... Foi o seguinte: estavam faltando umas cadeiras, aí eu fui lá embaixo, perto da portaria pra procurar. Fiquei andando por lá pra ver se ninguém tinha pego. Aí a Igislena chamou o moço e falou assim:
- Toma cuidado, você num conhece a dona disso aqui! Vai ficar muito brava com você!!! Aí ele falou assim:
- Mas se sumiu cadeira daqui eu não tenho culpa.

Nucrécia: Que absurdo! Será que eles, pelo menos, mandaram arrumar as minhas cadeiras que quebraram? Fiquei com ódio!... Nem vi e nem quero ver aquelas cadeiras quebradas! Ai, que ódio!...

Gerardinha: Nem sei, minha filha! Não devem ter arrumado é nadinha!

Nucrécia: Vou lá na semana que vem pra conferir minhas coisas, lavar as roupas, tentar dar um jeito na sujeira...

Gerardinha: Tadinha! Tenho muita pena de você, minha querida! Por isso, pelo menos da minha parte, eu lavei tudo, deixei tudo arrumado! Desliguei o ar do quarto que fiquei e até fechei a porta. Se estiver sujo de novo é porque eles devem ter tomado conta depois que eu saí... Será que foram pro meu quarto? Devem ter ido, e bagunçado tudo, né! O pior é qie a Igislena disse que não ia fazer faxina, tem base?!... Disse pra mim que você falou que a faxineira viria quando eles fossem embora. Por isso, não ia por a mão em nada.

Nucrécia: Tá bom, posso até ter comentado sobre a faxineira. Mas paciência, né! Gente que não tá acostumada com praia e nem a ficar na casa dos outros não tem cuidado nenhum mesmo.

Gerardinha: Eu não sei como eles deixaram lá! Sei que o Otenório Santa-Fé falava todo dia que ia embora, que ia embora... Mas não ia nada!... Ia só adiando, enrolando, enrolando...

Nucrécia: Se arrumaram alguma coisa na casa, pode até ser, mas não sobrou nada, nenhum produtos de limpeza, nem amaciante e, principalmente, meu sabão... Deram um desfalque nas minhas coisas...

Gerardinha: No final das contas, parece que ainda ficaram lá até sábado, será verdade? Você sabe que dia, afinal, eles desocuparam?

Nucrécia: Pois é, minha filha, ainda ficaram até sábado!

Gerardinha: Não acredito!... Mas mesmo que os meninos tenham lavado roupas (eu vi lá no dia em que eu sai), tinha um pacote inteiro sabão! Eu juro que vi! Jesus Sacramentado!... Como é que pode?! Com certeza gastaram depois que eu saí de lá, pois ainda tinha até amaciante - uma caixa cheinha!...
E as compras da Igislena?!... Você nem deve ter ficado sabendo, né? Tô doidinha pra te contar: Acredita que guardaram as compras e ninguém usou? Escondiam, minha filha, até no porta malas do carro na garagem, pra ninguém comer! Você acredita?!... Se comeram alguma coisa, só se foi depois que nós viemos embora! Quáquáquáquá!...

Nucrécia: Ah!... Tudo bem! Deixa eles. Eu já to acostumada com essa história! Mas, só que dessa vez eu liguei pra Igislena! Ah, sim! Liguei mesmo! Liguei pra ela hoje e disse que vou cobrar todos os meus produtos e cada barra de sabão minha que eles gastaram! Vai ter que me pagar... Ora! Veja só! As roupas que eles deixaram sujas lá, eu ainda vou ter que gastar mais uns dois pacotes do meu sabão pra lavar!... Eu não aceito isso!

Gerardinha: Mas, querida, se você quiser, eu posso comprar também, pelo menos um pacote de sabão pra você, pois fiquei lá e lavei as roupas de cama gastando do seu, né!..

Nucrécia: Não querida, você não precisa. Mas o povo deve ter lavado umas dez toalhas de banho, toalhas de mesa e pano de prato, além de todas as roupas das cama! Gastaram sabão demais! Um absurdo!... Todo o sabão que tinha lá foi gasto por eles! Tenho certeza disso! Ahá! Vão me pagar, com certeza...

Gerardinha: Bem, querida, você sabe que toda vez que eu vou lá, deixo tudo limpinho, brilhando, como você gosta e não gasto do seu sabão, né! Você sabe disso, não sabe?

Nucrécia: A gastança de sabão é tanto verdade que, que no dia que eu estive lá e lavei as toalhas tinha sabão. Mas, tudo bem... Deixa eles comigo...

Gerardinha: E o que a Igislena falou? Prometeu lavar as coisas, fazer faxina e comprar seu sabão pra repor o que gastou?

Nucrécia: Ah!... Quem disse, minha filha!? Promete nada, desconversa! Agora tem mais; a Ilmara Cássia disse que talvez venha no carnaval!.. Mas eu já disse prá ela que, se quiser vir, tem que pagar as despesas do mês! E ainda, as despesas de luz tem que ser dividida. Eu sei que antes de vir, tudo é uma beleza! Todo mundo promete mundos e fundos!...

Gerardinha: Mas é assim mesmo! O Acádio não tinha prometido pagar também? E daí, pagou? Veio com um monte de gente e cadê?!...

Nucrécia: O Acádio eu vou perdoar dessa vez porque ele me pediu desculpas... Veio com uma desculpa de que eu tinha falado que não precisava de produtos de limpeza e de sabão. Nada a ver, mas eu perdoei ele dessa vez!

Gerardinha: Mas ele disse que só não pagou porque veio mais gente! Que não ia pagar para o outro povo...

Nucrécia: Só que eu falei que precisava de produtos de limpeza e de sabão... E, mesmo se eu não tivesse falado todo mundo sabe que um monte de gente dentro de um apartamento,deixa tudo sujo e existe uma despesa muito grande para arrumar, pra limpar tudo, fazer faxina. Lógico que cada um tem que saber que é sua obrigação comprar produtos e fazer faxina.

Gerardinha: Não entendi o que a Ilmara falou? Quem vai pagar as despesas do mês? Não vai ser nós que ficamos lá, não, né??!

Nucrécia: Ela disse que quer me alugar o apartamento para o carnaval. Eu disse que vou pensar, mas já falei que a conta de Luz que tá lá vai ser dividida e que vai ter que limpar tudinho, fazer faxina e comprar sabão em pó... Só falei isso, por enquanto!...

Gerardinha: Uai, mas o Acádio tinha dito isso! Cadê!? Pagou?

Nucrécia: Pois é, minha filha! O caso é esse! Depois que passa, ninguém paga nada!... Mas pra Ilmara eu disse só que a conta vai ser dividida...

Gerardinha: Ah, bom.

Novela do Cotidiano (Cap. 3)

A História de Atanásia Gerardinha.Autoria: Márcio Roberto de Almeida.

O nome de Atanásia Gerardinha foi escolhido pelo seu pai como uma forma de homenagear uma das figuras mais inusitados da cidade, cujo estilo de vida e a popularidade nas ruas fez com que ela se tornasse uma personagem do folclore vivo ao longo de muitos anos. Seu nome era "Gerardinha, Casô?". Isso mesmo, com vírgula e ponto de interrogação no final.
Segundo se contava, "Casô?" teria tido uma juventude comum, como qualquer moça da sociedade local e teria gozado do respeito de boa parcela da sociedade. Entretanto, uma paixão mal resolvida teria sido o estopim de uma triste e decadente fase que duraria até o final de sua vida. Além do descontentamento com esse amor não correspondido ou, quem sabe, por causa dele, "Casô?" dedicara seus dias exclusivamente à promoção de intrigas, aos fuxicos e à bisbilhotice da vida alheia. Em consequência desse comportamento, o isolamento aconteceu naturalmente e os círculos que outrora frequentava passaram a hostilizá-la. Indignada e rebelada contra o mundo, assumiu definitivamente uma vida de rua, de mendicância solitária e revoltada contra o mundo e contra todos. Passou a vagar pelas ruas, sendo achincalhada por moleques que, muitas vezes, a apedrejavam.
Como que por uma ironia do destino, a sua quase homônima, Atanásia Geradinha, também trilhou por caminhos semelhantes, tendo seus dias de convívio social que, por sucessivas desgraças, se tornaram amargos e solitários. Apesar de criada em uma família de classe média e ter tido todas as oportunidades para estudar e preservar a sua dignidade, não quis encarar um destino de luta honrada e digna. Preferiu, ainda muito jovem, dedicar-se a um estilo de vida desprovido de compromissos morais, se deixando levar pelos apelos da ociosidade e dos relacionamentos espúrios. Já na adolescência teria causado muito desgosto ao pai, assim como causara vergonha aos irmãos. Ainda era uma adoescente quando envolveu-se com uma paixão sem futuro e o fracasso dessa relação, assim como no caso de sua homônima, "Casô", foi motivo de aumento de sua revolta e a desilusão a empurrou para o caminho caminho da irresponsabilidade e da falta de compromisso moral.

Contrariando a toda a família conseguiu induzir as circunstâncias de modo a se casar com o seu pretendido, o qual pouco tempo depois a abandonou e se mudou para outro estado. Porém, nessa ocasião já haviam nascido dois filhos do casal e, assim, Atanásia se viu uma mulher largada pelo marido e sem quaisquer condições sociais ou morais para criar as crianças...
Persistente em seu intuito desgovernado, Gerardinha resolveu apostar tudo o que lhe restava para tentar a restabelecer alguma relação com o ex-marido. Vendeu a única posse tida como herança e, abandonando os filhos, se mandou para a mesma cidade, na esperança de conquistar seu amor, que a essa altura, depois de tantas desilusões e desgostos, já não queria sequer vê-la.
Gerardinha não desistiu! Fixou residência nas proximidades, se envolveu com os parentes do ex-marido, tentando com isso se aproximar. Mas nada! Nada demoveu a decisão do rapaz, tamanho era o desgosto sofrido no passado.
Não restando mais alternativas, Gerardinha decidiu apelar para os supostos poderes sobrenaturais e, por intermédio e influência de uma amiga que conhecera na paradas de ônibus próximo à casa da ex-sogra, então passou a frequentar seitas satânicas, tendo como motivação inicial, o desejo de obter poderes para forçar a volta do marido. Contudo, quanto mais ela se envolvia nas feitiçarias e quanto mais se especializava nos terreiros de sua seita, mais o pretendido se afastava.

No entanto, tamanha era sua dedicação e a sua fé nas promessas dos charlatões de sua organização "religiosa" que decidiu se dedicar integralmente aos ofícios da sua nova seita, obedecendo com rigor todos os mandamentos ditados por aqueles dirigentes ritualísticos, em quem ela confiava acima de tudo e de todos. Assim, cada vez que um sucesso prometido se frustrava, ela assumia aquilo como um motivo para se dedicar mais e mais, submetendo-se sempre aos argumento de seus "líderes espirituais". Mal sabia ela que aqueles preparados "pastores" detinham o controle total do processo aliciatório e apenas a iludiam com sucessivas promessas, cada vez mais tentadoras.

A partir de certo ponto, tais promessas já não mais se restrigiam apenas a atrair seu pretendido que, segundo diziam, logo, logo se atiraria a seus pés, apaixonado e pedindo perdão. Novos pressupostos eram gradativamente inseridos nas promessas, assim como a conquista de imensas riquesas materiais, além de saúde eterna. Além disso, o seu envolvimento nos trabalhos "para o bem de Jesus", conforme diziam seus mestres, lhe traria grande poder por intermédio dos serviços cativos de um certo demônio chamado VME, por meio do qual ela poderia enfeitiçar e controlar a vida de quem quisesse no futuro. Assim, Gerardinha se dedicou ainda mais, tornando-se obreira subjugada e cativa das ritualísticas da seita, o que segundo seus conceitos recém-doutrinados, era uma grande honra para qualquer ser humano. Em contrapartida só lhe caberia dedicar serviços integralmente à "igreja" sem qualquer retribuição material, obviamente, além de compartilhar quaisquer rendimentos ou valores que viesse a ter sob seu controle.
Assim, Atanásia passou a ter como única e exclusiva atividade na vida, a busca de meios para exercer algum domínio sobrenatural satânico sobre as pessoas e, por meio desses poderes, punir aqueles que não lhe agradassem, dando vazão à sua revolta. Entretanto, os seus momentos de folga passaram a ser dedicados à fofoca especializada em ataques aos que, eventualmente tivessem sucesso na vida, provocando a sua crescente inveja doentia que lhe dominava a mente, tal como ficou demonstrado no seu diálogo com a amiga, confidente e mentora intelectual, Udália Nucrécia, visto no capítulo 1 (reveja clicando em http://marciocc3.blogspot.com/2007/05/novela-do-cotidiano-cap-1.html) e, ainda, a narrativa do capítulo 2 (reveja clicando em em http://marciocc3.blogspot.com/2007/05/novela-do-cotidiano-cap-2.html.)
[... Aguardem novos episódios...]

Novela do Cotidiano (Cap. 2)



Se ainda não leu, leia antes o Capítulo 1 clicando em http://marciocc3.blogspot.com/2007/05/novela-do-cotidiano-cap-1.html
Autoria: Márcio Roberto de Almeida

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Narrativa:

A transcrição da trama macabra narrada no capítulo anterior, na qual Udália Nucrécia e Atanásia Gerardinha gratuitamente se rasgam de ódio de Amadeu Vitorino e de Aparícia Lúcia, inclusive, conspirando sagazmente em favor da morte do filhos de ambos, foi apenas uma entre muitas manifestações que chegaram ao conhecimento de Amadeu ao longo daqueles últimos três meses. A campanha de tentativa de desqualificação moral era nítida e a mistura de ódio e desgosto causados pela felicidade do casal fica patente no desenrolar do diálogo.
Contudo, cada nova informação referente a essas articulações perversas que recebia, Amadeu simplesmente ignorava. Num primeiro momento, logicamente se chateava bastante mas, tomando os devidos cuidados para que tamanhas baixarias não chegassem ao conhecimento de suas filhas maiores e, principalmente, de sua esposa, grávida de seis meses, logo em seguida se esquecia daquilo. Amadeu conhecia muito bem ambas confabulantes que, apesar não terem nenhuma semelhança física ou similaridade de costumes ou de atitudes com seus demais irmãos, as mesmas eram suas supostas irmãs consangüíneas, criadas muito próximas a ele. Por isso, sabia que esse tipo de comportamento agressivo e discriminatório sempre marcou a convivência de ambas, ora elas mesmas entre si, ora em conluio contra outros da família.
Entretanto, não satisfeitas pelo pouco êxito de sua campanha, Nucrécia e Gerardinha não descansaram. Ao longo de meses a fio buscaram todos os meios possíveis para tentarem atingir Amadeu e Aparícia. Espalharam intrigas de todos os estilos, por e-mail, por telefone e incansavelmente se articulavam e agiam. Até que, com a aproximação da festa de aniversário de Ítalo James, filho de Amadeu e Aparícia, as duas não se conformaram em não poder se utilizarem daquele evento para destilar seus venenos, uma vez que importantes interlocutores estariam ali presentes. Aquela festa seria a vitrine ideal para seus propósitos mexeriqueiros e, naturalmente, elas não seriam convidadas!...
Ora, isso fez com que o ódio recrudescesse e a campanha delas foi intensificada de tal forma que quaisquer meios passaram a ser utilizados, inclusive, a tentativa de arregimentar um motim para boicotar a festa. O parco efeito dessas açoes e, além disso, a comprovação do sucesso fenomenal da festa fizeram com que Nucrécia e Gerardinha se roessem de ódio.



As conseqüências dramáticas
Essa exacerbação dos atos de Nucrécia e Gerardinha contra Amadeu e Aparícia culminou no vazamento de partes dos textos degravados e extraídos dos seus perniciosos diálogos, os quais circularam por e-mail entre algumas pessoas da família. O próprio Amadeu, como forma de justificar uma aludida insuscetibilidade ante os fatos, se viu forçado a distribuir entre pessoas de sua confiança alguns pequenos trechos desse material. Com isso, Aparícia, acidentalmente, teve acesso a um dos infaustos diálogos transcritos. Por causa disso, entrou em estado de choque, seguido de suscessivas e graves crises de choro!... Ela jamais tinha visto, em toda a sua história de vida, tão ordinária e tosca falácia, especialmente dirigida à sua própria pessoa e ao seu esposo amado, cujo caráter e cuja dignidade sempre foram seus referenciais padrões.
Ao ver aquela maligna e violenta manifestação, insinuando, inclusive, uma campanha soturna em favor da morte ou da interrupção da gestação de seus filhos, Aparícia foi tomada por profunda crise e a sua angelical serenidade de sempre deu lugar ao choro compulsivo! Amadeu, quando soube desse fato, através das palavras trêmulas e entrecortadas por soluços de sua amada esposa, voltou desesperado do trabalho e tentou reverter o choque e o iminente risco de aborto, pois, naquele momento Aparícia começara a sentir intensas contrações e dores abdominais. Entretanto, essa situação se consolidou nos dias que se seguiram e, por mais que Amadeu tentasse disfarçar, Aparícia percebia que ainda haviam ações satânicas em curso por partes de suas duas algozes. Os fatos se agravaram! Especialmente quando as filhas maiores de Amadeu tomaram conhecimento do teor das intrigas e as reações de mágoa e asco nelas provocadas, também implicaram em conseqüência patológicas sérias. Isso acabou contribuindo para o desequilíbrio do humor de Amadeu, o que afetava ainda mais o estado de Aparícia.

A filha Acádia Amaralinda teve crise de gastrite que culminou em sintomas de úlcera gástrica, agravada depois que ela foi desrespeitosamente abordada por Nucrécia numa tentativa de aliciamento contra o próprio pai.
Aparícia e Amadeu tentaram ao longo de vários dias contornar as danosas conseqüências resultantes dessa diabólica trama, buscando reiterados tratamentos clínicos e mantendo Aparícia sob pleno e absoluto repouso. Contudo, as conseqüências tendem a se agravar, pois Aparícia teve de ser internada com sintomas que indicam alto risco de aborto, decorrentes do estresse emocional provocado pela agressão de Nucrécia e Gerardinha.


Será que a nefasta vontade de Nucrécia e Gerardinha em favor da morte dos filhos de Amadeu e Aparícia vai se realizar? Será que a cumplicidade satânica mencionadas no diálogo, realmente agirá em favor das duas, provocando a morte da tão esperada filha em gestação? Será que a morte de um feto, em consequência de ato voluntário e premeditado de violência emocional grave, estresse e agressão moral causados à gestante seria assassinato?

Diante dessas questões, Amadeu reflete!.. E redobrando a vontade que sempre teve de dedicar sua vida a amar os filhos e a esposa querida, pensa em sua filhinha, em tão tênue idade, ainda no útero materno, tendo que lutar pela vida, enfrentando a crueldade de pessoas desalmadas. Mas, ao mesmo tempo, com toda a resignação que sempre lhe fora peculiar, se auto conforta:
- Minha filha
nascerá linda!... Ela é forte e vencerá! Além de um nome e sobrenome, essa criança, mesmo antes de nascer, tem reservado para si um lar e uma família digna, com todo o amor do mundo e mais um pouco de amor emprestado do universo!... Assim como qualquer cidadão, ela já possui todos os atributos morais, genéticos e humanos que qualquer pessoa, especialmente o direito ao respeito, o direito à presumida dignidade e honra de que desfrutará tempestivamente, além do sagrado direito à vida. Portanto, ao inferno, quem lhe desejar a morte... E à cadeia, quem lhe provocar desgraças, quais sejam!...

Novela do Cotidiano (Cap. 1)


Este é o diálogo ocorrido entre as super amigas Udália Nucrécia e Atanásia Gerardinha. Sigam a história...
Por mais absurdo que possa parecer, as amigas Udália Nucrécia e a Atanásia Gerardinha são irmãs do Amadeu Vitorino e cunhadas da Aparícia Lúcia.
Ao longo da conversa, o requinte de crueldade e o grau de hipocrisia são tamanhos que fazem o diálogo parecer uma comédia irônica. Mas, na verdade, as personagens se auto impõem essa fantasia...

Nucrécia: Oi, amiga! Tudo bem? Tô precisando descansar! Tô um caco!..

Gerardinha: Não sem antes eu te contar umas coisas. Você não é de ver que eu tô recebendo milhares e milhares de e-mails daquela Aparícia Lúcia. Eu te mandei pra você ver...

Nucrécia: E você acha que eu ainda não vi, menina!... Que abuso, hein? Mas você acredita nessa nariguda?

Gerardinha: Claro que não! Nunca acreditei nela!... Tá louca!... Onde já se viu uma mulherzinha dessas falar que é feliz?! Ela é louca, meu!

Nucrécia: Minha querida, eu duvido que ela goste de mensagens e de outras coisas de Deus. Só nós somos abençoadas e Deus ama a gente. Aquelazinha é uma fingida! Uma mulher à toa!... Isso sim!

Gerardinha: Você viu aí o que ela escreveu, né? Fala de Deus e de coisas de amor como se entendesse disso! Hahaha!... Coitada!

Nucrécia: Eu quase morro de antipatia dela ficar falando com outras pessoas de minha família. Metida!... Morro de ódio! Dá vontade de esganar! Acho que vou sair do nosso Grupo só porque não suporto aquela pirralha safada! Ai!... Que ódio!...

Gerardinha: Se você sair, minha querida, saiba que eu também saio na hora, né!... Não fico sem você! Saio na mesmíssima hora que você sair, querida!
Eu também não suporto ver nem fotos daquela perua. Ninguém agüenta. Aposto que as pessoas que elogiam são todas fingidas. Não são que nem a gente, né!...

Nucrécia: É mesmo!...Eu não agüento. Me dá nojo ter que ver aquela biscate!...

Gerardinha: Vou acabar falando com ela qualquer hora dessas. Ela que continue pensando que é linda e maravilhosa pra ver o que eu vou fazer. Quer fazer o maior escândalo. Vou falar assim, ó: “Sua pirralha, vai aparecer no meio da sua família! Tem dó!...”

Nucrécia: Eu prefiro ir embora do que bater boca com aquela infeliz! Ah! Se eu pudesse esganar ela!...

Gerardinha: É... você tá certa mesmo! É verdade. Então eu vou ficar quieta. Mas, ah! Se eu pego ela....

Nucrécia: Com certeza, bater nela não dá...

Gerardinha: É!...principalmente porque o Amadeu Vitorino, aquele doido idiota, protege ela... Mas naquele dia lá na praia o Ordilon Agoncílio me falou umas coisas horríveis do Amadeu. Disse que ele é um desonesto, que nunca fez nada na vida! Que é um mentiroso!
É!... Esse Amadeu é um safado!

Nucrécia: Pois é!... E eu não sei?!... Ele não mede conseqüência pra nada. O que mesmo que o Ordilon te falou? Conta, conta!... Contou do caso dele e da Naira Vassalina? Conta... conta!...

Gerardinha: Perai! Vou ali trocar meu filho e depois te conto!... Espere pra ver! Você nem vai acreditar!

Nucrécia: Tô muito cansada, mas não agüento de curiosidade!...

Gerardinha: Espera!.. espera!...

Nucrécia: Ai!... meu Deus, fala, menina!....

Gerardinha: Bom, então tá! Vou te contar, mas não fale nunca pra ninguém! Ele me pediu segredo absoluto e prometi que levaria tudinho para o túmulo comigo!
Nucrécia: Fala!... meu Deus, fala, querida!... Você sabe que eu também sou um túmulo...

Gerardinha: O Ordilon falou que o Amadeu é um safado e ladrão! Que tudo que ele diz é mentira! Que ele tá explorando o nosso querido Acádio Vanderley!... Faz o Acádio trabalhar pra ele e, na verdade, o salário que Amadeu recebe, quem trabalha para garantir é o Acádio. O Ordilon disse que tá uma fera com o Amadeu e que quer acabar com ele, provar pra todo mundo que ele é um folgado, safado e mentiroso...

Nucrécia: Ah!... minha filha, isso nem precisava falar, né? Todo mundo sabe que o Amadeu é um safado. Essa história de que ele se formou em dois cursos superiores por méritos próprios, sem nunca ninguém ter pago nenhuma mensalidade escolar pra ele em toda a sua vida, que além disso fez seis ou sete pós-graduações, que teria passado em um concurso público federal concorrendo com quase 800 candidatos por vaga, é tudo balela! Mentira pura! Ele é sim, um picareta.

Gerardinha: O Ordilon disse que ainda não falou nada pra não inflamar. Mas que ainda vai por tudo em pratos limpos. Espera pra ver.

Nucrécia: Eu, graças ao meu querido e bondoso Deus, não estou me manifestando. Nem falo nada com aquele infeliz, senão eu também tenho um monte de coisas pra falar e, daí vou botar a boca no trombone. Deixa ele... Ele vai ver só!

Gerardinha: Eu não falo porque não sei da história direito, senão eu falaria tudinho também! Ia acabar com a vida daquele demônio malvado...!

Nucrécia: Além disso, tem as coisas o Amadeu falou e eu não posso falar. To engasgada!...Ah! Se eu pudesse falar ia ser o maior escândalo do mundo!!...

Gerardinha: É meeeeesmo!... Fala!... Fala!.... O que é?!... É coisa que o Ordilon te contou?!... Conta!... Conta!...

Nucrécia: Só se eu fosse louca. Prefiro ficar longe de tudo. Quanto mais longe eu ficar dele melhor..

Gerardinha: AH!... Não!... Eu te contei da minha parte! Agora quero saber!.... É sobre aquelas aventuras do Ordilon com a Naira??... É?... É?...

Nucrécia: Ele falou de irmãos meus!... Coisas muuuuito pesada. Pesadas demais! Se eu falar dá morte, revolução! Seria o maior escândalo do mundo! Não posso falar nuuunca, minha querida!

Gerardinha: Mas isso é covardia!... Se for sobre o amor do Ordilon com a Naira, todo mundo sabe! Só se você souber de alguma coisa mais emocionante!... É?... Conta!... Conta!...

Nucrécia: Néeeein!... Se fosse só isso, tava bom demais! Isso são coisas lindas, maravilhosas!...

Gerardinha: Né nada!.. Eu não teria coragem de falar pra ninguém. Sei lá!.. Ás vezes até falava, né!... O quê que tem, né! O mundo tá cheio de prostitutas, até na Bíblia tinha prostituta que foi perdoada....

Nucrécia: Mas o safado do Amadeu põe as coisas na Internet, né! ... Babaca!... Ignorante!!!

Gerardinha: Pois é! Ele se acha o dono da verdade, Demônio infeliz!... Acha que sabe de tudo...

Nucrécia: O que eu sei, minha querida, não posso falar nunca, senão vira briga pura. Todo mundo vai querer matar todo mundo. Vira guerra!!..

Gerardinha: Deus me livre! É tão grave assim?

Nucrécia: Magiiina, minha filha! É muito mais do que você possa sonhar! Nunca existiu nada no mundo tão grave! Mas mesmo assim o demônio do Amadeu ainda não abaixa o facho!...

Gerardinha: Pois então deve ser terrível mesmo, né, minha querida!

Nucrécia: É!....

Gerardinha: Então, vamos entregar para Deus de Israel, né!... Mas, depois você me conta, tá!..

Nucrécia: Com o tempo ele vai acordar, nem que seja na marra...Tudo que se planta aqui, tem que se colher! Ela vai ver só!...

Gerardinha: Eu falei que um dia ele vai entender as coisas, e vai! Já começou!... Vou te contar, minha filha! Na minha igreja tem um demônio amigo nosso, poderosíssimo, chamado VME, que sabe muito bem das coisas. Ele já sabe das safadezas e dos pecados terríveis que o Amadeu sempre cometeu na vida. Agora, o VME está trabalhando nos castigos que ele merece...

Nucrécia: Será?!... Que beleza! Que merecido! Mas ele é safado assim mesmo?

Gerardinha: É, minha filha! É tudo verdade! Essa história de as coisas que ele tem são fruto de trabalho honesto é pura mentira! Todo mundo sabe que ele nunca trabalhou, que o emprego dele é de mentira e que o salário que ele conta que ganha é tudo mentira. Então, ele só pode viver de golpes...

Nucrécia: Então, é verdade! Se ele não tem esse emprego maravilhoso que tanto fala, no qual ele diz trabalhar mais de dez ou doze horas por dia, que recebe esse salário maravilhosos, então ele só pode mesmo ser um golpista. Bem que a querida Naira sempre falou isso. Até que enfim, ele terá o que merece, né, querida!

Gerardinha: Claro!... E será do jeitinho que ele merece! Será pela dor! O VME já garantiu que ele terá um inferno em vida e que vai morrer muito antes do que pensa. No começo, se não der pra colocar ele na cadeia, serve colocar os irmãos dele, ou qualquer um que for próximo dele...

Nucrécia: Tá vendo! Que beleza!... E você ainda fica dando papo pra essa metidinha dessa zoreia! Nariguda fingida!... Nem precisava! Ela terá o que merece antes mesmo da gente precisar fazer alguma coisa...

Gerardinha: Querida, Deus me perdoe! Mas eu vou mandar fazer tudo porque está escrito que ele tem um pacto com o cão. Está escrito lá na minha igreja, num lugar secreto, que só os mais limpos de coração têm acesso!...

Nucrécia: Deus mandará pra ele uma maneira de ele baixar o facho, do jeito que ele merece, hahahaha!....

Gerardinha: Deus não terá misericórdia dele. Ele deve morrer de inveja da gente, né! Mas vai acabar morrendo é pelo poder da força de Deus...

Nucrécia: Será que a gente tem que rezar pra ele?...

Gerardinha: Deus te ouça!... tem! Tem que rezar muito! Eu sinto uma coisa horrível em relação a ele!... Estou sentindo uma áurea negativa sobre a cabeça dele. Não sei explicar! Mas é uma ameaça terrível!...

Nucrécia: Eu também sinto! Tenho até um pouco de pena. Sei que a vida dele é muito ruim e que será pior agora!...

Gerardinha: Ah!... Azar! Quem manda ele se debater com as coisas de Deus!

Nucrécia: É!... A energia dele não é boa!... É muito ruim!... Deve ser porque sofre demais de inveja, né!...

Gerardinha: Você também percebeu isso?!... Eu percebi há muito tempo!... É verdade!...

Nucrécia: E ele se esconde atrás dessa pirralha mal informada, e desses filhos que nem deveriam nascer...Que Deus tenha complacência!... O primeiro, eu já dei minha palavra, no dia em que soube da gravidez. Disse que era um castigo de Deus e que ia ser a desgraça de muita gente!...

Gerardinha: E a nariguda ainda fica exibindo a barriga da outra filha e se fazendo de feliz, toda sorridente!.. Eu falei com ela que não devia fazer isso!... Ai, que ódio!... Se eu pudesse pegar ela, eu esganava, com barriga e tudo...

Nucrécia: Então!... É o que eu digo! Ela sempre se esconde atrás dessas barrigas... Devia se envergonhar. Não sei o que vai ser desses infelizes que nascem sem saber de nada!...

Gerardinha: Mas eu falo mesmo! Só abro a boca quando tenho certeza e pra ela eu falei!... Ainda quero falar mais... pra que aparecer tanto, né! VAi à merda! Devia ir caçar sua turma!

Nucrécia: É como eu digo: ela acha que estando de barriga tem um motivo pra chamar a atenção! Só isso. Isso nem é mãe, coitada... Aposto que nem sabe trocar uma fralda, né!...

Gerardinha: Com certeza!.. Ela é só uma moleca boba, idiota e inconseqüente que sabe viver na dependência dos outros!.. Fogada de vida fácil! Só isso! Se ela fosse um pessoa estudiosa e trabalhadora igual nós duas, né! Nós, sim! Somos maravilhosas, trabalhadoras e nunca vivemos às custas de ninguém, né, querida!

Nucrécia: Aliás, apesar de não parecer e apesar das pessoas ainda não saberem disso, nós fomos a sustentação dos nossos maridos, né! Tudo o que eles fizeram na vida foi graças a nós! Eles largaram a gente foi de vergonha de viver às nossas custas...

Gerardinha: É mesmo! E essa infeliz não sabe o que é sofrer na vida. Mas vai chegar a vez dela, né! Aposto que ela nem faz faculdade nada! Deve ser mentira também...

Nucrécia: Pois é!... E as crianças , coitadas não sabem de nada. Umas infelizes no mundo! Quando entenderem, vão se arrepender por terem nascido...

Gerardinha: É mesmo!

Nucrécia: Não perdem por esperar!... Ela é perigosa... Perigosíssima!... Você nem imagina!

Gerardinha: Pois é. Mas nós duas vamos ver até onde vai a alegria fingida deles. Essa esperteza toda de enganar todo mundo não vai longe....

Nucrécia: Ela já fez o Amadeu brigar com toda a família! Você sabia que mais ninguém da família vai na casa deles?!... Pois é, minha filha! Essa história de que as pessoas estão freqüentando a casa deles, indo nas festas deles é tudo mentira!

Gerardinha: É mesmo!... Eu sei disso! As festas são todas falsas, ninguém vai lá. Eu já cansei de falar que a casa deles é horrível, nunca vi tanta coisa mal feita. As janelas são enormes pra entrar aquela ventania, pernilongo! Magiiina, se eu aguento uma casa dessas! Que coisa horrível! Uma escadas enormes, uma piscina gelada! O maior perigo. Não sei como ainda não morreu ninguém naquela casa horrível!...

Nucrécia: E, ainda assim, ele fazendo intrigas perigosas e humilhando nós, né!...

Gerardinha: Mas eu já disse pra Deus colocar o Amadeu na linha, hehehe...

Nucrécia: Deixa pra lá. A hora dele chega..

Gerardinha: Temos que orar pra Deus mostrar o caminho certo pra nós...

Nucrécia: Eu tentei conviver com ele. Mas ouvi coisas horríveis.. Eles foram no meu apartamento na praia e não fizeram faxina, não lavaram os tapetes nem as toalhas! Então, eu coloquei eles pra fora de casa. Só por causa disso, os desgraçados não me bajularam mais, pararam de me tratar como uma pessoa caridosa e bondosa, como eu mereço!... Ah!... Agora acabou...

Gerardinha: Eu não quero conviver com eles também porque eles são fofoqueiros. Deus me livre! Que o sangue de Jesus me proteja! Jesus seja louvado! Detesto gente fofoqueira e linguaruda! Queima, Jesus!... Queima, Jesus!...

Nucrécia: Eu também!... Deus me livre de gente linguaruda que não tem o que fazer e fica falando dos outros!... Rezo por eles e tudo, mas quero distancia, a maior possível...

Gerardinha: Ai, meu Deus, o que será que ele falou dos nossos irmãos de tão grave? To louquinha pra saber!... Conta!... Você viu?!... Você ouviu?!... Quem te contou?!... Foi o Ordilon?!... Conta! Conta!...

Nucrécia: Nunca conto!... Mas só de saberem que ele ficou com raiva de ser tocado pra fora, ficaram com raiva dele também...

Gerardinha: Mas aquelazinha é só uma pirralha idiota e boba! Não vamos ficar irritadas por causa dela mais, tá querida!

Nucrécia: É!... Uma insignificante....Nem tanto, porque ela é bem esperta também....e vivida.

Gerardinha: Quáquáquáquá!... mas o perigoso mesmo ali é o Amadeu, infelizmente!...

Nucrécia: É mesmo!...Engana todo mundo... Mas ela também se faz de quietinha pra comer o pedaço maior...

Gerardinha: Mas ele, querida, além de tudo, é egoísta, orgulhoso!...

Nucrécia: E ela, que agüenta horrores do Amadeu, que faz gato e sapato dela... Ah! Se fosse comigo! Você sabe muito bem! Homem comigo tem que ficar no devido lugar. Homem nenhum presta! Todos são vagabundos, safados e puteiros. Éééh, minha filha! Eu tenho experiência própria! Os que já entraram na minha casa eu tratei de jeito que merecem; pus pra rua e mandei tudo pra puta que pariu...

Gerardinha: É... Mas o Amadeu quer ser mais do que todo mundo!

Nucrécia: Mas não será pra sempre!...Ah!, sim, com certeza, não perdem por esperar.

Gerardinha: Ele ainda abandonou as próprias filhas. Sorte que a mãe delas cuida e trata das infeliz, porque se dependesse dele!.... Coitadas!... Sabia de uma coisa? Essa história de que as filhas dele estudaram nos melhores colégios e faculdades particulares às custas dele é pura mentira! Elas nem devem ter estudado e nem devem ter onde morar, nem carro pra andar com impostos, gasolina, seguro e manutenção paga, nem plano de saúde, nem academia, nem cursinhos e pós-graduação, nem computador, internet, tv a cabo, viagens, passeios... É tudo mentira, minha filha! Eu sei de tudo!...

Nucrécia: É mesmo, querida!... Só podia ser! Eu já imaginava...

(aguardem o próximo capítulo: Os produtos de Limpeza e as faxinas na luxuosa casa de veraneio)
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Nota do Autor: Quaisquer alegações de analogia com fatos e informações reais serão meras conjecturas e coincdências (ou, não?!...). Entretanto, caso houverem eventuais fontes originais que respaldem fatos e informações verídicos aqui narrados, estão sob a guarda legal do autor.