terça-feira, 15 de maio de 2007

Novela do Cotidiano (Cap. 2)



Se ainda não leu, leia antes o Capítulo 1 clicando em http://marciocc3.blogspot.com/2007/05/novela-do-cotidiano-cap-1.html
Autoria: Márcio Roberto de Almeida

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Narrativa:

A transcrição da trama macabra narrada no capítulo anterior, na qual Udália Nucrécia e Atanásia Gerardinha gratuitamente se rasgam de ódio de Amadeu Vitorino e de Aparícia Lúcia, inclusive, conspirando sagazmente em favor da morte do filhos de ambos, foi apenas uma entre muitas manifestações que chegaram ao conhecimento de Amadeu ao longo daqueles últimos três meses. A campanha de tentativa de desqualificação moral era nítida e a mistura de ódio e desgosto causados pela felicidade do casal fica patente no desenrolar do diálogo.
Contudo, cada nova informação referente a essas articulações perversas que recebia, Amadeu simplesmente ignorava. Num primeiro momento, logicamente se chateava bastante mas, tomando os devidos cuidados para que tamanhas baixarias não chegassem ao conhecimento de suas filhas maiores e, principalmente, de sua esposa, grávida de seis meses, logo em seguida se esquecia daquilo. Amadeu conhecia muito bem ambas confabulantes que, apesar não terem nenhuma semelhança física ou similaridade de costumes ou de atitudes com seus demais irmãos, as mesmas eram suas supostas irmãs consangüíneas, criadas muito próximas a ele. Por isso, sabia que esse tipo de comportamento agressivo e discriminatório sempre marcou a convivência de ambas, ora elas mesmas entre si, ora em conluio contra outros da família.
Entretanto, não satisfeitas pelo pouco êxito de sua campanha, Nucrécia e Gerardinha não descansaram. Ao longo de meses a fio buscaram todos os meios possíveis para tentarem atingir Amadeu e Aparícia. Espalharam intrigas de todos os estilos, por e-mail, por telefone e incansavelmente se articulavam e agiam. Até que, com a aproximação da festa de aniversário de Ítalo James, filho de Amadeu e Aparícia, as duas não se conformaram em não poder se utilizarem daquele evento para destilar seus venenos, uma vez que importantes interlocutores estariam ali presentes. Aquela festa seria a vitrine ideal para seus propósitos mexeriqueiros e, naturalmente, elas não seriam convidadas!...
Ora, isso fez com que o ódio recrudescesse e a campanha delas foi intensificada de tal forma que quaisquer meios passaram a ser utilizados, inclusive, a tentativa de arregimentar um motim para boicotar a festa. O parco efeito dessas açoes e, além disso, a comprovação do sucesso fenomenal da festa fizeram com que Nucrécia e Gerardinha se roessem de ódio.



As conseqüências dramáticas
Essa exacerbação dos atos de Nucrécia e Gerardinha contra Amadeu e Aparícia culminou no vazamento de partes dos textos degravados e extraídos dos seus perniciosos diálogos, os quais circularam por e-mail entre algumas pessoas da família. O próprio Amadeu, como forma de justificar uma aludida insuscetibilidade ante os fatos, se viu forçado a distribuir entre pessoas de sua confiança alguns pequenos trechos desse material. Com isso, Aparícia, acidentalmente, teve acesso a um dos infaustos diálogos transcritos. Por causa disso, entrou em estado de choque, seguido de suscessivas e graves crises de choro!... Ela jamais tinha visto, em toda a sua história de vida, tão ordinária e tosca falácia, especialmente dirigida à sua própria pessoa e ao seu esposo amado, cujo caráter e cuja dignidade sempre foram seus referenciais padrões.
Ao ver aquela maligna e violenta manifestação, insinuando, inclusive, uma campanha soturna em favor da morte ou da interrupção da gestação de seus filhos, Aparícia foi tomada por profunda crise e a sua angelical serenidade de sempre deu lugar ao choro compulsivo! Amadeu, quando soube desse fato, através das palavras trêmulas e entrecortadas por soluços de sua amada esposa, voltou desesperado do trabalho e tentou reverter o choque e o iminente risco de aborto, pois, naquele momento Aparícia começara a sentir intensas contrações e dores abdominais. Entretanto, essa situação se consolidou nos dias que se seguiram e, por mais que Amadeu tentasse disfarçar, Aparícia percebia que ainda haviam ações satânicas em curso por partes de suas duas algozes. Os fatos se agravaram! Especialmente quando as filhas maiores de Amadeu tomaram conhecimento do teor das intrigas e as reações de mágoa e asco nelas provocadas, também implicaram em conseqüência patológicas sérias. Isso acabou contribuindo para o desequilíbrio do humor de Amadeu, o que afetava ainda mais o estado de Aparícia.

A filha Acádia Amaralinda teve crise de gastrite que culminou em sintomas de úlcera gástrica, agravada depois que ela foi desrespeitosamente abordada por Nucrécia numa tentativa de aliciamento contra o próprio pai.
Aparícia e Amadeu tentaram ao longo de vários dias contornar as danosas conseqüências resultantes dessa diabólica trama, buscando reiterados tratamentos clínicos e mantendo Aparícia sob pleno e absoluto repouso. Contudo, as conseqüências tendem a se agravar, pois Aparícia teve de ser internada com sintomas que indicam alto risco de aborto, decorrentes do estresse emocional provocado pela agressão de Nucrécia e Gerardinha.


Será que a nefasta vontade de Nucrécia e Gerardinha em favor da morte dos filhos de Amadeu e Aparícia vai se realizar? Será que a cumplicidade satânica mencionadas no diálogo, realmente agirá em favor das duas, provocando a morte da tão esperada filha em gestação? Será que a morte de um feto, em consequência de ato voluntário e premeditado de violência emocional grave, estresse e agressão moral causados à gestante seria assassinato?

Diante dessas questões, Amadeu reflete!.. E redobrando a vontade que sempre teve de dedicar sua vida a amar os filhos e a esposa querida, pensa em sua filhinha, em tão tênue idade, ainda no útero materno, tendo que lutar pela vida, enfrentando a crueldade de pessoas desalmadas. Mas, ao mesmo tempo, com toda a resignação que sempre lhe fora peculiar, se auto conforta:
- Minha filha
nascerá linda!... Ela é forte e vencerá! Além de um nome e sobrenome, essa criança, mesmo antes de nascer, tem reservado para si um lar e uma família digna, com todo o amor do mundo e mais um pouco de amor emprestado do universo!... Assim como qualquer cidadão, ela já possui todos os atributos morais, genéticos e humanos que qualquer pessoa, especialmente o direito ao respeito, o direito à presumida dignidade e honra de que desfrutará tempestivamente, além do sagrado direito à vida. Portanto, ao inferno, quem lhe desejar a morte... E à cadeia, quem lhe provocar desgraças, quais sejam!...

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