quinta-feira, 13 de junho de 2013

Um Sonho.

Se eu ganhasse na Mega, meu sonho de consumo era comprar a velha fazenda da "Manga", que foi de minha mãe e de meu pai, bem ali no pé da Serra do Barreiro, confrontando, na época, pelo Sul com Pedro Caetano de Almeida, pelo Norte com Juvenal Caetano de Almeida, pelo Leste com Ezequias Caetano de Almeida e pelo o Oeste com Orlando Ribeiro de Souza.
Hoje essa Fazenda é do João Belmiro.

Aí sim! Compraria um cavalo cujo nome seria Pequira  e 50 cabeças de gado, somente para vê-los crescer e engordar. Recordar e passar nos trilhos e lugares onde sentiria o cheiro de minha verdadeira infância. Ali eu iria lembrar dos tempos que eu ia com minha mãe lá Moinho do Quia trocar o milho em grãos pelo fubá já prontinho, poderia tomar banho na cachoeira um pouco abaixo ou pescar bagres e piabinhas no Ribeirão do Bebedouro, lá mais embaixo, ou tomar goles daquela Água Choca, com gosto de enxofre que até hoje existe por lá. Por sinal muito boa para a saúde.

Poderia também lembrar dos tempos que eu ia para a Escola no meu cavalinho e que na beira da estrada eu ia armando arapucas para, na volta eu colher os pássaros, Nambus, Juritis, Rolinhas, Tico-Ticos e Canarinhos para colecioná-los em gaiolas de piteira, feitas por mim. Poderia relembrar da minha primeira professora Xede, lá na escolinha do Álvaro Barcelos e de meus colegas Jorge do Pedro Caetano, Luiz do Juvenal, Flávio e Renê do João Camilo, Célia e Maria José do Juvenal e Dona Helena, da Maria das Graças e Orlando do Álvaro, não esquecendo do Décio do Joaquim da Ida, Ladinho e Osvaldo do Rafael Lopes e outros.

Ah! poderia lembrar também do Joãozinho Preto e Julieta, do Geraldo da Sázabela e do Hipórto, do Xico Bico e da Requela, do Mané Camundo e da Chica e sua filha Futrica, da Divina do João Preto e também do Zé Pintinho que sempre prestavam serviços às fazendas da região.

Lembrar também dos tempos em que o Ezequias Caetano passava por lá com sua matilha de perdigueiros e uma buzina na mão fazendo caçadas até ao anoitecer, na beira do Ribeirão. Iria lembrar das brincadeiras no caminho da escola e a que mais gostava era amarrar ramos de vassoura no trilho para assustar os colegas.

Sede da Fazenda Barreiro, de Esequias Caetano.
De gastança mesmo, queria apenas asfaltar o morro da Terra Vermelha, bem ali acima da Fazenda do João Camilo e do Quia. Era a única coisa que me amedrontava naquela época, ao escalá-lo, em pelo, montado no meu cavalinho Pequira. Essa travessia era mais perigosa do que andar pelo chapadão e passar em frente as cruzes lá existentes ou passar entre um rebanho de vacas pegadeiras.

Queria ter também uma folia para ouvir o choro da viola e da sanfona em todos os finais de ano. Queria também ajudar a comunidade da Manga, do Sossego, do Cedro, do Campestre, dos Pimenta e até de Quintinos, que era a capital da época. Então, vejo que é por esses "desejos" que eu jamais vou ganhar na mega... É que meus sonhos são GRANDES DEMAIS e a sorte não perde tempo com quem sonha muito alto.

Oscar Godinho de Barros (Kakau)
Brasília, DF- 12.01.2007.