Se
eu ganhasse na Mega, meu sonho de consumo era comprar a velha fazenda da
"Manga", que foi de minha mãe e de meu pai, bem ali no pé da Serra do
Barreiro, confrontando, na época, pelo Sul com Pedro Caetano de Almeida, pelo
Norte com Juvenal Caetano de Almeida, pelo Leste com Ezequias Caetano de
Almeida e pelo o Oeste com Orlando Ribeiro de Souza.
Hoje
essa Fazenda é do João Belmiro.
Aí sim! Compraria um cavalo cujo nome seria Pequira e 50 cabeças de gado, somente para vê-los crescer e engordar. Recordar e passar nos trilhos e lugares onde sentiria o cheiro de minha verdadeira infância. Ali eu iria lembrar dos tempos que eu ia com minha mãe lá Moinho do Quia trocar o milho em grãos pelo fubá já prontinho, poderia tomar banho na cachoeira um pouco abaixo ou pescar bagres e piabinhas no Ribeirão do Bebedouro, lá mais embaixo, ou tomar goles daquela Água Choca, com gosto de enxofre que até hoje existe por lá. Por sinal muito boa para a saúde.
Poderia
também lembrar dos tempos que eu ia para a Escola no meu cavalinho e que na
beira da estrada eu ia armando arapucas para, na volta eu colher os pássaros,
Nambus, Juritis, Rolinhas, Tico-Ticos e Canarinhos para colecioná-los em
gaiolas de piteira, feitas por mim. Poderia relembrar da minha primeira
professora Xede, lá na escolinha do Álvaro Barcelos e de meus colegas Jorge do
Pedro Caetano, Luiz do Juvenal, Flávio e Renê do João Camilo, Célia e Maria
José do Juvenal e Dona Helena, da Maria das Graças e Orlando do Álvaro, não
esquecendo do Décio do Joaquim da Ida, Ladinho e Osvaldo do Rafael Lopes e outros.
Ah!
poderia lembrar também do Joãozinho Preto e Julieta, do Geraldo da Sázabela e
do Hipórto, do Xico Bico e da Requela, do Mané Camundo e da Chica e sua filha
Futrica, da Divina do João Preto e também do Zé Pintinho que sempre prestavam
serviços às fazendas da região.
Lembrar
também dos tempos em que o Ezequias Caetano passava por lá com sua matilha de
perdigueiros e uma buzina na mão fazendo caçadas até ao anoitecer, na beira do
Ribeirão. Iria lembrar das brincadeiras no caminho da escola e a que mais
gostava era amarrar ramos de vassoura no trilho para assustar os colegas.
Sede da Fazenda Barreiro, de Esequias Caetano. |
Queria ter também uma folia para ouvir o choro da viola e da sanfona em todos
os finais de ano. Queria também ajudar a comunidade da Manga, do Sossego, do
Cedro, do Campestre, dos Pimenta e até de Quintinos, que era a capital da
época. Então, vejo que é por esses "desejos" que eu jamais vou ganhar
na mega... É que meus sonhos são GRANDES DEMAIS e a sorte não perde tempo com
quem sonha muito alto.
Oscar Godinho de Barros (Kakau)
Brasília,
DF- 12.01.2007.
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